domingo, 18 de dezembro de 2016

Coreia do Sul quer tirar de circulação todas as moedas até 2020


Passe suas moedas para cá. Essa é a mensagem que o banco central da Coreia do Sul está enviando aos cidadãos de uma das nações mais tecnologicamente avançadas e integradas do planeta, no caminho para uma “sociedade sem dinheiro“.

O Banco da Coreia anunciou na semana passada que acelerará os esforços para reduzir a circulação de moedas, entre as quais as de maior denominação têm valor equivalente a menos de US$ 0,50.

Como parte do plano, a instituição quer que os consumidores depositem os trocados que carregam nos bolsos nos onipresentes cartões “T-Money” usados pelos sul-coreanos —passes eletrônicos de viagem que podem ser usados para pagar metrô, táxis e até compras nas 30 mil lojas de conveniência no país.

As propostas são só o passo mais recente para um país que está na vanguarda quanto a aproveitar a tecnologia. As compras on-line são a norma, assim como sistemas de pagamento por celular, entre os jovens da geração milênio sul-coreana.

A Coreia do Sul é um dos países menos dependentes de dinheiro em espécie e tem um dos mais elevados índices de uso de cartões de crédito —cerca de 1,9 cartão por cidadão. Só cerca de 20% dos pagamentos são feitos com dinheiro em espécie, segundo o banco central do país.

Embora a conveniência seja o principal motivo para o plano do banco central, há outro motivos envolvidos. O Banco da Coreia gasta mais de US$ 40 milhões ao ano para cunhar moedas. Também há custos para as instituições financeiras que as recebem, gerem e fazem circular.

“Quando produzimos uma moeda de 10 won, ela custa mais de 10 won”, disse Lee Hyo-chan, diretor do Instituto de Crédito e Finanças de Seul, acrescentando que, “se a Coreia do Sul abandonar o uso de moedas, será bom tanto para os compradores quanto para os vendedores, que não terão mais de manter moedas para fazer troco”.

Também se espera que a transição rumo aos pagamentos eletrônicos ajudará a reduzir as dimensões da economia informal, engordará os cofres do Estado e estimulará o crescimento econômico.

“Se abandonarmos o dinheiro em espécie, podemos obter 1,2% de crescimento econômico adicional por ano. Uma sociedade que não usa dinheiro pode ajudar a enfrentar o crescimento lento, a inflação baixa e o ambiente de baixas taxas de juros”, disse Kim Seong-hoon, pesquisador do Instituto de Pesquisa Econômica da Coreia.

Mas, para Lee, a transição pode requerer uma mudança mais ampla de hábitos da parte de uma população em envelhecimento.

“Se a Coreia do Sul quer funcionar sem dinheiro em papel, em longo prazo, primeiro as pessoas terão de mudar de ideia sobre o uso de dinheiro em ambientes tradicionais tais como mercados, igrejas ou eventos familiares, como casamentos”, ele disse.

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